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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ensaio Sobre a Cegueira

Jovens sem nenhuma utopia caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas, sem nenhuma luz, sem nenhuma luz de Fernando Pessoa. Fechados nas sexuais telas da impotência, se masturbam, contemplando corpos em decomposição! Morte da minha fé, onde estavam o beija-flor e o arco-íris na hora do nascimento dessas criaturas? Quantas gotas de flor restam nos corredores dos céus de vossas bocas? Quais fontes clamam por vossos nomes?

Eu entrando na virtuosa idade e eles entrando em idade nenhuma. Os filhos da morte burra cheiram o branco pó da anemia, esqueceram que um dia tocaram na poesia da transgressão, em pleno ventre de suas esquecidas mães. Esqueceram de colar o ouvido ao chão, para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas. Os filhos da morte burra jamais levantam uma folha para conhecer o amor dos incertos, jamais erguem taças ao luar para brindar a vigorosa lua. Os filhos da morte burra desconhecem ou jamais ouviram falar em iluminação. Apenas abrem a boca para vomitar!


Trecho da música: Ensaio Sobre a Cegueira - Detonautas

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